Este filme do Tarantino é,
sem sombra de dúvida, um hino à sétima arte. Valendo-se da
metalinguagem, o cineasta consagra-se como um dos melhores diretores do
seu tempo.
Trata-se de uma inversão na História que a humanidade gostaria de ter visto: os “bastardos”, liderados por Aldo Rayne, personagem de Brad Pitt, eram um grupo de soldados americanos judeus que objetivavam matar os nazistas e arrancar-lhes os escalpos, causando terror no Terceiro Reich.
Trata-se de uma inversão na História que a humanidade gostaria de ter visto: os “bastardos”, liderados por Aldo Rayne, personagem de Brad Pitt, eram um grupo de soldados americanos judeus que objetivavam matar os nazistas e arrancar-lhes os escalpos, causando terror no Terceiro Reich.
Na época da ocupação nazista na França, a menina judia Soshana (Mélanie Laurent), testemunha o frio assassinato de sua família e foge para Paris. Com uma nova identidade, torna-se dona de um cinema e planeja vingar a execução de sua família e destruir o Terceiro Reich. O plano dos “bastardos” para destruir o alto comando de Hitler acaba coincidindo com o da moça, dentro do cinema.
É aqui que a gente pensa: “Viva o cinema!” O cinema de Soshana, o palco daquela aventura de violência bruta, que deixa Ridley Scott ou os irmãos Cohen no chinelo. O cinema de Tarantino, que nos brinda com cenas magníficas, gloriosas, num grande espetáculo com aqueles nazistas bárbaros e covardes numa condição nunca mostrada nos filmes sobre Hitler. Um espetáculo jamais visto pela humanidade, mas que ganhamos de presente de Quentin Tarantino.
Dividida em blocos quase independentes entre si, a trama é cheia de referências: Sérgio Leone, o “western”, a “nouvelle vague”, o “kung fu”, como já fez o diretor em outros filmes, como “Kill Bill”, sempre de forma enriquecedora e muito bem organizada, como uma grande homenagem ao cinema.
O elenco conta ainda com Diane Kruger, interpretando Bridget Von Hammersmark, uma espiã disfarçada, que acaba penetrando o meio nazista e com o brilhante Christoph Waltz, como o coronel nazista Hans Landa, covarde, frio, meticuloso e... medroso. Um brilhante ator, perfeito no papel de apavorado ao ouvir falar dos “bastardos” e de sua violência quase expletiva, gratuita, afinal, arrancar os escalpos dos soldados mortos... pra quê? Mais uma referência que Tarantino traz do mundo apache.
Uma vingança. Uma catarse. A estória do diretor sobrepõe-se à História, transpondo-nos para um outro mundo, através do clímax do filme, um show, um espetáculo. Cinema é isso, espetáculo. E o cinema de Tarantino vem, cada vez mais, transbordando o seu talento; o jovem diretor, a cada trabalho lançado, mostra maturidade e um preciso trabalho de direção.
“Bastardos Inglórios”, que poderia se chamar “Gloriosos Bastardos” é a obra-prima de Tarantino.
Viva o Cinema!
Por Flavia Abreu
Imagem: Divulgação
Esta resenha foi publicada também no blogue Paralelos/O Globo.